quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
(Fernando Pessoa)
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
(Fernando Pessoa)
Agora, vou falar de flores...
...e poesia.
CONFISSÃO
(Mario Quintana)
Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!
...e poesia.
CONFISSÃO
(Mario Quintana)
Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!
O que me amofina
é saber que você levantou voo,
alçou novos rumos
e esqueceu aqueles que ficaram em terra,
ansiosos por seu retorno.
Você retornou sim,
mas foi abduzida
pela contemplação dos seus olhos.
Embevecidos pelo novo,
esqueceram o que de fato importa.
O novo, um dia torna-se velho;
a rotina torna-se enfadonha,
aí, os olhos param de brilhar.
E como uma ave triste
de canto melancólico
observa tudo que ficou para trás,
irrecuperável,
valioso.
O tempo é cruel...
Não volta jamais!
(Sandra Ferreira)
é saber que você levantou voo,
alçou novos rumos
e esqueceu aqueles que ficaram em terra,
ansiosos por seu retorno.
Você retornou sim,
mas foi abduzida
pela contemplação dos seus olhos.
Embevecidos pelo novo,
esqueceram o que de fato importa.
O novo, um dia torna-se velho;
a rotina torna-se enfadonha,
aí, os olhos param de brilhar.
E como uma ave triste
de canto melancólico
observa tudo que ficou para trás,
irrecuperável,
valioso.
O tempo é cruel...
Não volta jamais!
(Sandra Ferreira)
CONTO DE FADAS
(Florbela Espanca)
Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o unguento
Com que sarei a minha própria dor.
Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras duma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...
Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que palpita.
Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa de conto: "Era uma vez..."
(Florbela Espanca)
Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o unguento
Com que sarei a minha própria dor.
Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras duma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...
Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que palpita.
Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa de conto: "Era uma vez..."
A pintora e escritora Luiza Caetano, nasceu na aldeia de Venda do Pinheiro, em Mafra, perto de Lisboa, em 1946.
Formou-se em Filosofia e começou a escrever poemas e contos, publicando em jornais.
Sua carreira artística teve início em 1987, quando expôs na Galeria do Casino Estoril, Portugal e a partir daí os convites para apresentar os seus trabalhos em Portugal e no exterior não pararam.
O gosto pela pintura e o prazer de viajar, fez com que tivesse muitos contatos com poetas e artistas dos países que visitava.
Participou de muitas exposições em vários países, e sua obra tem-lhe proporcionado diversas distinções e menções honrosas.
É uma apaixonada pela arte!
Ernane Cortat a define como "Escultora de palavras, desenha formas e contornos de uma beleza única, que só ela sabe exprimir."
Senhoras e senhores, a arte de Luiza Caetano, exprimida em tela e versos:
"UM AMOR COM AMOR"
Quero
uma casa sem portas,
Um espaço sem vento!
Um amor com amor!
Quero,
Um rumor de água
por perto,
iluminando o teu corpo
aberto como um barco.
Quero
um cais ou um porto
onde as gaivotas
se percam
e
as andorinhas
secretamente
nos avisem
que a Primavera chegou.
Formou-se em Filosofia e começou a escrever poemas e contos, publicando em jornais.
Sua carreira artística teve início em 1987, quando expôs na Galeria do Casino Estoril, Portugal e a partir daí os convites para apresentar os seus trabalhos em Portugal e no exterior não pararam.
O gosto pela pintura e o prazer de viajar, fez com que tivesse muitos contatos com poetas e artistas dos países que visitava.
Participou de muitas exposições em vários países, e sua obra tem-lhe proporcionado diversas distinções e menções honrosas.
É uma apaixonada pela arte!
Ernane Cortat a define como "Escultora de palavras, desenha formas e contornos de uma beleza única, que só ela sabe exprimir."
Senhoras e senhores, a arte de Luiza Caetano, exprimida em tela e versos:
"UM AMOR COM AMOR"
Quero
uma casa sem portas,
Um espaço sem vento!
Um amor com amor!
Quero,
Um rumor de água
por perto,
iluminando o teu corpo
aberto como um barco.
Quero
um cais ou um porto
onde as gaivotas
se percam
e
as andorinhas
secretamente
nos avisem
que a Primavera chegou.
Quero ser o teu amigo.
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade,
Sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo,
Mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
(Fernando Pessoa)
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade,
Sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo,
Mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
(Fernando Pessoa)
Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar.
– Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito?
Incógnito?
Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado?
Sem dúvida...
Tenho um presente?
Sem dúvida...
Terei um futuro?
Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...
Fernando Pessoa
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar.
– Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito?
Incógnito?
Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado?
Sem dúvida...
Tenho um presente?
Sem dúvida...
Terei um futuro?
Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...
Fernando Pessoa
KIRLAKZ é um nome Cósmico (de muita energia) desse poeta e amigo Vianna Humberto.
Uma pessoa querida que há muito escreve poesias, poemas e contos, tendo sempre como inspiração seus voos, caminhadas e vivências...
Quero ser ... apenas um 'sonho'...
Quero Ser...
mais que o dia, pra te trazer tudo de bom c'amor...
mais que o vento, pra te acarinhar...
mais que o frio , pra te refrescar do calor...
mais que o calor, pra aquecer as frias noites e t'amar...
mais que o amanhecer, pra te trazer a esperança...
mais que apenas uma lembrança , a voar...
mais que o teu homem , serei a tua criança...
mais que tudo serei , sem que o saibas ... o teu pensar...
mais que o entardecer, pra te acalentar...
mais que a noite , para velar teus sonhos e t'embalar...
Quero ser assim, apenas um 'sonho' , em teu sonhar...
Uma pessoa querida que há muito escreve poesias, poemas e contos, tendo sempre como inspiração seus voos, caminhadas e vivências...
Quero ser ... apenas um 'sonho'...
Quero Ser...
mais que o dia, pra te trazer tudo de bom c'amor...
mais que o vento, pra te acarinhar...
mais que o frio , pra te refrescar do calor...
mais que o calor, pra aquecer as frias noites e t'amar...
mais que o amanhecer, pra te trazer a esperança...
mais que apenas uma lembrança , a voar...
mais que o teu homem , serei a tua criança...
mais que tudo serei , sem que o saibas ... o teu pensar...
mais que o entardecer, pra te acalentar...
mais que a noite , para velar teus sonhos e t'embalar...
Quero ser assim, apenas um 'sonho' , em teu sonhar...
É apenas um poema,
tirado do fundo da minha alma.
Fala de dor,
fala de amor.
Amor mal resolvido,
que faz sofrer.
Idas, vindas;
caídas, recaídas.
Esta tristeza,
velha companheira de estrada,
que insiste em ficar junto de mim.
Noites densas, tensas.
O sol nasce todos os dias,
mesmo nos dias cinzentos.
E com ele, renasço.
Como o sol, tímido, a princípio,
me fortaleço.
Aí vem a certeza:
Chega de sofrer!
Expurguei de mim
qualquer recaída.
Não te quero mais!
tirado do fundo da minha alma.
Fala de dor,
fala de amor.
Amor mal resolvido,
que faz sofrer.
Idas, vindas;
caídas, recaídas.
Esta tristeza,
velha companheira de estrada,
que insiste em ficar junto de mim.
Noites densas, tensas.
O sol nasce todos os dias,
mesmo nos dias cinzentos.
E com ele, renasço.
Como o sol, tímido, a princípio,
me fortaleço.
Aí vem a certeza:
Chega de sofrer!
Expurguei de mim
qualquer recaída.
Não te quero mais!
POEMA DO AMOR SEM EXAGERO
(Joaquim Cardozo)
Eu não te quero aqui por muitos anos
Nem por muitos meses ou semanas,
Nem mesmo desejo que passes no meu leito
As horas extensas de uma noite.
Para que tanto Corpo!
Mas ficaria contente se me desses
Por instantes apenas e bastantes
A nudez longínqua e de pérola
Do teu corpo de nuvem.
(Joaquim Cardozo)
Eu não te quero aqui por muitos anos
Nem por muitos meses ou semanas,
Nem mesmo desejo que passes no meu leito
As horas extensas de uma noite.
Para que tanto Corpo!
Mas ficaria contente se me desses
Por instantes apenas e bastantes
A nudez longínqua e de pérola
Do teu corpo de nuvem.
Não é o ângulo reto que me atrai.
Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual.
A curva que encontro nas montanhas do meu País,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar,
nas nuvens do céu,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o Universo
- o Universo curvo de Einstein.
(Oscar Niemeyer)
Amor de amigo é coisa engraçada!
É diferente de amor de pai, de mãe, de irmão, de namorado...
Amor de amigo é amor que completa a gente.
Um amigo não precisa estar com a gente o tempo todo, porque amor de amigo vence a distância.
Amigo que é amigo mesmo pode até ter outros amigos, porque amor de amigo nunca acaba. Ele se multiplica.
Tem amigo de tudo quanto é jeito: de infância, da escola, de bairro, de igreja, de faculdade, de internet, amigo de amigo...
Tem amigo até que a gente nem lembra de onde veio. E cada um deles tem um espaço guardado na memória e no coração.
Amigo é amigo porque está presente nos momentos mais importantes da vida da gente: o primeiro beijo, a primeira festa, a aprovação no vestibular, um picnic sábado à tarde, um dia de praia, ou até um almoço de domingo.
Aos meus amigos, a todos eles, eu desejo que conquistem cada vez mais amigos.
Porque amor de amigo não se cansa de amar.
(Pedro Bial)
É diferente de amor de pai, de mãe, de irmão, de namorado...
Amor de amigo é amor que completa a gente.
Um amigo não precisa estar com a gente o tempo todo, porque amor de amigo vence a distância.
Amigo que é amigo mesmo pode até ter outros amigos, porque amor de amigo nunca acaba. Ele se multiplica.
Tem amigo de tudo quanto é jeito: de infância, da escola, de bairro, de igreja, de faculdade, de internet, amigo de amigo...
Tem amigo até que a gente nem lembra de onde veio. E cada um deles tem um espaço guardado na memória e no coração.
Amigo é amigo porque está presente nos momentos mais importantes da vida da gente: o primeiro beijo, a primeira festa, a aprovação no vestibular, um picnic sábado à tarde, um dia de praia, ou até um almoço de domingo.
Aos meus amigos, a todos eles, eu desejo que conquistem cada vez mais amigos.
Porque amor de amigo não se cansa de amar.
(Pedro Bial)
Grande Mario Quintana!
Linda mensagem sobre amor, paixão, amizade...
Boa noite!
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata...
Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como o "bonzinho" não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem que ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutar para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.
Linda mensagem sobre amor, paixão, amizade...
Boa noite!
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata...
Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como o "bonzinho" não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem que ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutar para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.
O AMOR
(Fernando Pessoa)
O Amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
(Fernando Pessoa)
O Amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
AS SEM RAZÕES DO AMOR
(Carlos Drummond de Andrade)
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
(Carlos Drummond de Andrade)
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
A cor do invisível
(Mário Quintana)
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
(Mário Quintana)
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Atraso Pontual
( Paulo Leminski )
Ontens e hojes,
amores e ódio,
adianta consultar o relógio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?
( Paulo Leminski )
Ontens e hojes,
amores e ódio,
adianta consultar o relógio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?
É, eu confesso que não é exatamente
a realidade que eu esperava encontrar.
Talvez isso mude.
Talvez você entre na minha vida
sem tocar a campainha
e me sequestre de uma vez.
Talvez você pule esses três
ou quatro muros que nos separam
e segure a minha mão,
assim, ofegante, pra nunca mais soltar.
Talvez você ainda possa pular no rio e me salvar.
Ou talvez eu só precise de férias,
um porre
e um novo amor.
Porque no fundo,
eu sei que a realidade que eu sonhava
afundou num copo de cachaça
e virou utopia”.
(Caio Fernandes de Abreu)
a realidade que eu esperava encontrar.
Talvez isso mude.
Talvez você entre na minha vida
sem tocar a campainha
e me sequestre de uma vez.
Talvez você pule esses três
ou quatro muros que nos separam
e segure a minha mão,
assim, ofegante, pra nunca mais soltar.
Talvez você ainda possa pular no rio e me salvar.
Ou talvez eu só precise de férias,
um porre
e um novo amor.
Porque no fundo,
eu sei que a realidade que eu sonhava
afundou num copo de cachaça
e virou utopia”.
(Caio Fernandes de Abreu)
Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore.
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus...
Seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul;
E descobriu que uma casa vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores só serve pra poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.
Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros
e tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos.
Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore
porque fez amizade com muitas borboletas.
(Manoel de Barros)
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus...
Seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul;
E descobriu que uma casa vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores só serve pra poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.
Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros
e tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos.
Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore
porque fez amizade com muitas borboletas.
(Manoel de Barros)
Fico pensando, como a nossa vida é frágil!
Em um segundo, se quebra e tudo acaba.
Muitas vezes, passamos tempo demais brigando,
Nos expondo a perigos desnecessários...
Esquecemos de pedir desculpas,
Dizer "eu te amo!",
De parar um instante,
Para ouvir o canto dos pássaros,
O vento tocando nossa face,
O cheiro das flores,
Do mar...
E perceber Deus presente em todas estas coisas.
Entender nossa pequenez
Diante do Criador e da criação.
Em um segundo, se quebra e tudo acaba.
Muitas vezes, passamos tempo demais brigando,
Nos expondo a perigos desnecessários...
Esquecemos de pedir desculpas,
Dizer "eu te amo!",
De parar um instante,
Para ouvir o canto dos pássaros,
O vento tocando nossa face,
O cheiro das flores,
Do mar...
E perceber Deus presente em todas estas coisas.
Entender nossa pequenez
Diante do Criador e da criação.
MANOEL DE BARROS
O Poeta Manoel de Barros, nasceu eu Cuiabá, MT, faleceu, aos 97 anos, na cidade de Campo Grande, MS, onde viveu sua vida inteira. Ele era um apaixonado pela natureza e seus poemas refletem esta paixão.
Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, no Rio de Janeiro.
O poeta é reconhecido nacional e internacionalmente como um dos mais originais do século e mais importantes do Brasil. Guimarães Rosa, que fez a maior revolução na prosa brasileira, comparou os textos de Manoel a um "doce de coco". Foi também comparado a São Francisco de Assis pelo filólogo Antonio Houaiss, "na humildade diante das coisas. (...) Sob a aparência surrealista, a poesia de Manoel de Barros é de uma enorme racionalidade. Suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais, sem fugir a um substrato ético muito profundo. Tenho por sua obra a mais alta admiração e muito amor." Segundo o escritor João Antônio, a poesia de Manoel vai além: "Tem a força de um estampido em surdina. Carrega a alegria do choro." Millôr Fernandes afirmou que a obra do poeta é "'única, inaugural, apogeu do chão." E Geraldo Carneiro afirma: "Viva Manoel violer d'amores violador da última flor do Laço inculta e bela. Desde Guimarães Rosa a nossa língua não se submete a tamanha instabilidade semântica". Manoel, o tímido Nequinho, se diz encabulado com os elogios que "agradam seu coração".
Obras publicadas no Brasil:
1937 — Poemas concebidos sem pecado
1942 — Face imóvel
1956 — Poesias
1960 — Compêndio para uso dos pássaros
1966 — Gramática expositiva do chão
1974 — Matéria de poesia
1982 — Arranjos para assobio
1985 — Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros)
1989 — O guardador das águas
1990 — Poesia quase toda
1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves
1993 — O livro das ignorãças
1996 — Livro sobre nada (Ilustrações de Wega Nery)
1998 — Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes)
1999 — Exercícios de ser criança
2000 — Ensaios fotográficos
2001 — O fazedor de amanhecer (infantil)
2001 — Poeminhas pescados numa fala de João
2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo (Ilustrações de Martha Barros)
2003 — Memórias inventadas (A infância) (Ilustrações de Martha Barros)
2003 — Cantigas para um passarinho à toa
2004 — Poemas rupestres (Ilustrações de Martha Barros)
2005 — Memórias inventadas II (A segunda infância) (Ilustrações de Martha Barros)
2007 — Memórias inventadas III (A terceira infância) (Ilustrações de Martha Barros)
Prêmios recebidos:
1960 — Prêmio Orlando Dantas - Diário de Notícias, com o livro "Compêndio para uso dos pássaros"
1966 — Prêmio Nacional de poesias, com o livro "Gramática expositiva do chão"
1969 - Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, com o livro "Gramática expositiva do chão"
1989 — Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Poesia, como o livro "O guardador de águas"
1990 — Prêmio Jacaré de Prata da Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul como melhor escritor do ano
1996 — Prêmio Alfonso Guimarães da Biblioteca Nacional, com o livro "Livro das ignorãças"
1997 — Prêmio Nestlé de Poesia, com o livro "Livro sobre nada"
1998 — Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto da obra
2000 — Prêmio Odilo Costa Filho - Fundação do Livro Infanto Juvenil, com o livro "Exercício de ser criança"
2000 — Prêmio Academia Brasileira de Letras, com o livro "Exercício de ser criança"
2002 — Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria livro de ficção, com "O fazedor de amanhecer"
2005 — Prêmio APCA 2004 de melhor poesia, com o livro "Poemas rupestres"
2006 — Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro "Poemas rupestres"
Obras publicadas no exterior:
Portugal:
2000 — Encantador de Palavras. Organização e seleção Walter Hugo Mãe. Vila Nova de Famalicão, Quasi, 2000.
França:
2003 — La Parole sans Limites. Une Didactique de lInvention [O Livro das Ignorãças]. Édition Bilingue. Tradução e apresentação Celso Libânio. Ilustração Cicero Dias. Paris: Éditions Jangada.
Espanha:
2005 - Riba del dessemblat (Antologia Poética), Ed. Catalã, Lleonard Muntaner, Editor.
Fonte: releituras.com
Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, no Rio de Janeiro.
O poeta é reconhecido nacional e internacionalmente como um dos mais originais do século e mais importantes do Brasil. Guimarães Rosa, que fez a maior revolução na prosa brasileira, comparou os textos de Manoel a um "doce de coco". Foi também comparado a São Francisco de Assis pelo filólogo Antonio Houaiss, "na humildade diante das coisas. (...) Sob a aparência surrealista, a poesia de Manoel de Barros é de uma enorme racionalidade. Suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais, sem fugir a um substrato ético muito profundo. Tenho por sua obra a mais alta admiração e muito amor." Segundo o escritor João Antônio, a poesia de Manoel vai além: "Tem a força de um estampido em surdina. Carrega a alegria do choro." Millôr Fernandes afirmou que a obra do poeta é "'única, inaugural, apogeu do chão." E Geraldo Carneiro afirma: "Viva Manoel violer d'amores violador da última flor do Laço inculta e bela. Desde Guimarães Rosa a nossa língua não se submete a tamanha instabilidade semântica". Manoel, o tímido Nequinho, se diz encabulado com os elogios que "agradam seu coração".
Obras publicadas no Brasil:
1937 — Poemas concebidos sem pecado
1942 — Face imóvel
1956 — Poesias
1960 — Compêndio para uso dos pássaros
1966 — Gramática expositiva do chão
1974 — Matéria de poesia
1982 — Arranjos para assobio
1985 — Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros)
1989 — O guardador das águas
1990 — Poesia quase toda
1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves
1993 — O livro das ignorãças
1996 — Livro sobre nada (Ilustrações de Wega Nery)
1998 — Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes)
1999 — Exercícios de ser criança
2000 — Ensaios fotográficos
2001 — O fazedor de amanhecer (infantil)
2001 — Poeminhas pescados numa fala de João
2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo (Ilustrações de Martha Barros)
2003 — Memórias inventadas (A infância) (Ilustrações de Martha Barros)
2003 — Cantigas para um passarinho à toa
2004 — Poemas rupestres (Ilustrações de Martha Barros)
2005 — Memórias inventadas II (A segunda infância) (Ilustrações de Martha Barros)
2007 — Memórias inventadas III (A terceira infância) (Ilustrações de Martha Barros)
Prêmios recebidos:
1960 — Prêmio Orlando Dantas - Diário de Notícias, com o livro "Compêndio para uso dos pássaros"
1966 — Prêmio Nacional de poesias, com o livro "Gramática expositiva do chão"
1969 - Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, com o livro "Gramática expositiva do chão"
1989 — Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Poesia, como o livro "O guardador de águas"
1990 — Prêmio Jacaré de Prata da Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul como melhor escritor do ano
1996 — Prêmio Alfonso Guimarães da Biblioteca Nacional, com o livro "Livro das ignorãças"
1997 — Prêmio Nestlé de Poesia, com o livro "Livro sobre nada"
1998 — Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto da obra
2000 — Prêmio Odilo Costa Filho - Fundação do Livro Infanto Juvenil, com o livro "Exercício de ser criança"
2000 — Prêmio Academia Brasileira de Letras, com o livro "Exercício de ser criança"
2002 — Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria livro de ficção, com "O fazedor de amanhecer"
2005 — Prêmio APCA 2004 de melhor poesia, com o livro "Poemas rupestres"
2006 — Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro "Poemas rupestres"
Obras publicadas no exterior:
Portugal:
2000 — Encantador de Palavras. Organização e seleção Walter Hugo Mãe. Vila Nova de Famalicão, Quasi, 2000.
França:
2003 — La Parole sans Limites. Une Didactique de lInvention [O Livro das Ignorãças]. Édition Bilingue. Tradução e apresentação Celso Libânio. Ilustração Cicero Dias. Paris: Éditions Jangada.
Espanha:
2005 - Riba del dessemblat (Antologia Poética), Ed. Catalã, Lleonard Muntaner, Editor.
Fonte: releituras.com
ARTE FINAL
( Affonso Romano de Sant’Anna )
Não basta um grande amor
para fazer poemas.
E o amor dos artistas,
não se enganem,
não é mais belo
que o amor da gente.
O grande amante é aquele que silente
se aplica a escrever com o corpo
o que seu corpo deseja e sente.
Uma coisa é a letra,
e outra o ato,
quem toma uma por outra
confunde e mente.
( Affonso Romano de Sant’Anna )
Não basta um grande amor
para fazer poemas.
E o amor dos artistas,
não se enganem,
não é mais belo
que o amor da gente.
O grande amante é aquele que silente
se aplica a escrever com o corpo
o que seu corpo deseja e sente.
Uma coisa é a letra,
e outra o ato,
quem toma uma por outra
confunde e mente.
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